sábado, 17 de março de 2012

Primeiro capítulo - O presente.

Era véspera de natal e estavam reunidos todas as crianças da família. Todos eles esperando para o momento da entrega dos presentes, afinal era quase que um ritual aquilo. Ano após ano todos eles recebiam os presentes. Curioso o fato de que nunca eram os pais que davam, mas sim uma tradição antiga, de que os tios dariam os presentes para os sobrinhos. Assim seria algo mais, divertido, porém que poderia causar inveja as vezes. Mas o que venho a relatar nesta história está longe de ser algo relacionado a uma briga entre primos ou coisa assim. Ultrapassa qualquer tipo de esperanças precipitadas.

Como já disse anteriormente, isto tudo começou na véspera do natal, no momento onde todos estavam em volta a uma árvore enfeitada, crianças no chão da sala e coisas do gênero. Era comum até então, parecendo apenas uma reunião em família. Aparentemente tudo corria bem, até que uma das crianças começa a chorar porque teve a sua mão queimada na lareira desligada. A mãe da criança, desesperada a pega e leva até o banheiro, onde possuía um kit de primeiros socorros. Assim a mulher, enfaixou a mão do filho e voltou com ele para a sala. Parecia então tudo resolvido. Podia ser uma brasa quente ainda que a criança pegou ou coisas do gênero. A noite vai indo e a mesa é colocada. As crianças tem seus pratos servidos pelos adultos e assim se continua a noite de véspera de natal. Quando chega logo o dia 25 tudo começa a ficar de forma mais divertida. Presentes para cá, crianças brincando para lá, festa praticamente. Com todos ali, felizes, trocando presentes. Até que uma das crianças abre o presente seu em questão, e vê que tinha uma boneca ali. Ele todo feliz a abraça e logo abraça seu tio dizendo:

- Obrigado titio. Era isso mesmo que eu queria. - dizia a criança dando um beijo no rosto do seu tio e o soltando sorrindo.

Após a noite terminar, todos vão para seus quartos. E aquela criança com nome de Rafaela dorme com sua boneca. Acho que aqui vocês já podem ter uma ideia do que ocorrerá logo em seguida não é? Quem sabe isso, diferente do que vocês estão acostumados a ver, poderá surpreender com um desfecho diferenciado.

Ao passar a noite de natal (24 e 25), 3 dias depois (28) tudo está ocorrendo normalmente. Sem mais problemas. Sem nada de diferente. Os dias passaram a ser de tão normais. Entediantes.

Na noite do dia 28 algo de estranho aconteceu. A criança (a ganhadora da boneca) acabou deixando sem querer uma faca cortar seu dedo. Ela estava brincando na cozinha antes de dormir. Com a boneca em seu lado, deixou cair algumas gotas em sua boca, manchando assim o seu rosto. Impressionantemente deu a boneca uma aparência mais tenebrosa. Porém, para a criança, ficou ainda assim ‘bonitinha’. A menina chegou para a mãe e pediu para que limpasse seu dedo. A mãe um pouco desesperada acabou colocando um curativo na mão da criança, daqueles bem improvisado, com um pouco de água para limpar, uma pomada, algodão e durex. Aqueles bem improvisados que fazemos em casa. Pouco a pouco, a noite ia se tornando dia. E tanto a criança quanto a boneca, se encontravam na sala ainda, com apenas um foco de luz, que realçava o sangue na boca da boneca, que sem nenhuma tentativa se quer foi limpa. Amanhecia e a criança ainda não tinha caído ao sono. Apenas ficava com a boneca ali, sentadas, na sala. Até que a mãe da jovem criança acordou e viu a filha fora da cama. Preocupada se sentou ao lado dela e perguntou:

- O que foi meu amor? Porque não dormiu?

- Ah mamãe. Estava sem sono e os monstros do meu quarto falaram para eu não entrar lá. A boneca disse que a sala seria seguro para nós duas. - respondia a menina sorrindo, sem aparência alguma de cansaço.

- Vamos para meu quarto filha. E deixa sua boneca ai.

A mãe, preocupada sugeriu o que foi dito logo a cima. Assim, ao chegar no quarto, a criança se deitou sem a boneca, e logo adormeceu. Como se do nada o sono viesse. Logo. A criança aparentando estar tendo sua noite de sono mais doce e suave, possuía a aparência mais angelical possível. Até que quase como um quadro de filmagem, sua noite seu sonho se tornou um pesadelo.

A mãe que já se encontrava na cozinha, do outro lado da casa, já não podia mais ouvir se quer a criança, que neste mesmo momento, estava a começar a soltar gemidos de choro misturados com um pouco de soluços e contorções corporais. Como em um passe de mágica, a criança logo acorda chorando, e apenas uma única das gotas de lágrimas, sai totalmente vermelha, entrando em sua boca e sendo engolida pela mesma. Sem deixar rastros em seu rosto. Sem deixar marcas. E sem deixar lembranças de que se quer existiu. A criança assustada com seu pesadelo, começa a gritar a sua mãe, sem resposta, ela se levanta pegando o lençol, e caminhando encontra a boneca no mesmo lugar de antes, exatamente no meio da sala, com sua boca vermelha das manchas de sangue, e com sua cabeça virada para o teto, pois havia sido derrubada logo pela manhã. A criança se deita ao lado da boneca sem a mexer, e logo adormece cobrindo-se com o lençol. E incrivelmente, a cabeça da boneca que antes encarava o teto, cai e se fixa olhando o rosto da criança dormir. Sem mais reações até então, se termina o primeiro capítulo.

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